Há
precisamente 17 meses, o meu neto Duarte, deixava a Terra, regressando em paz a
casa do Pai.
Com a
dor da partida, há uma esperança que se esvai como pó no vento, uma impotência
que se instala, uma sensação de vazio, não de um qualquer vazio, mas daquele
exacto vazio, o tal da presença física, do toque, do cheiro de quem mais do que
qualquer um de nós, sabia que a inocência não se aprende e que a aceitação
resultante da mesma é a mais bela obra de arte que um ser humano pode criar.
As
aprendizagens foram e ainda são, mais que muitas.
Ficou
no entanto, um legado capaz de tudo aconchegar – o Amor que sendo eterno não
tem como morrer, como acabar.
Tal como
na vida, em que nada realmente acaba e tudo, a tudo se sucede.
O dia
à noite, a noite ao dia, os acontecimentos a outros acontecimentos, a chuva ao
sol, a vida à morte e a morte à vida.
Quem sabe
por isto, a vida nas suas dinâmicas mostra outras possibilidades, repõe novas esperanças,
retoma outros caminhos, concebe novas formas, para que percebamos que nada que
não seja AMOR é estático ou permanente.
Quem
sabe por isto também, hoje, 17 meses depois de ver o meu neto partir, pude ver
a minha neta Constança, toda contente no seu primeiro dia de infantário e a
minha filha a transbordar de alívio por a sentir tão integrada e feliz.
Marcas
de felicidade que ficam tatuadas em nós, relembrando que a dualidade é uma
condição humana e que apesar de cada marca ocupar o seu pedacinho de pele, uma
marca feliz tem tantas vezes o poder de nos amaciar, aconchegar os olhos, e nos
fazer sorrir, ainda que seja por breves segundos, que por serem tão genuínos
são horas no nosso coração.
Hoje
o meu está assim.
Entre
duas marcas. Entre dois sentires.
Num profundo
silêncio, onde a minha alma relembra, que a vida que leva é a mesma que traz!
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