segunda-feira, 8 de junho de 2020

CELEBRANDO O AMOR

Hoje, celebramos os teus 78 anos!!
Decidimos fazer um pic-nic maravilhoso, onde o uivar do vento embalou os nossos afectos, e as pequenas folhas que caíam das árvores embelezaram ainda mais a festa, que a tua neta Cláudia, com aquele AMOR especial por ti te preparou! 
Nada faltava!
Coroa da rainha, os balões amarrados à árvore, a manta às bolinhas, parecias uma criança, a transbordar de tanta felicidade e alegria! 
E, nós também!!!
Até da água da rega tivemos de fugir 
Honrando estas 4 GERAÇÕES de MULHERES, ali estivemos nós, de coração aberto, unidas pela verdade do AMOR, a CELEBRAR-TE nas nossas VIDAS! 
Que venham muitos mais Mãezita! 

Até já, ao jantar 😊  

terça-feira, 2 de junho de 2020

O VELHO VESTIDO QUE EU NÃO QUERIA DEIXAR MORRER


Tinha uma enorme estima por aquele vestido.
Bem sei, que no meu armário viviam outros vestidos, outros modelos, outras cores, mas aquele era diferente, especialmente diferente, por isso, o meu ego dele se apoderou e a ele teimosamente se apegou.
Vesti-o anos a fio. Nele via sempre a mesma beleza.
Recusava aceitar que o tempo tem a sua própria erosão, e eram as suas partes esgaçadas, que a muito custo me iam mostrando, que, pano-velho, novo nunca será!
Tínhamos uma incrível cumplicidade, e sempre que a estação mudava, era ele o primeiro a saltar do armário.
Éramos um para o outro.
Ele esperava por mim, eu… por ele esperava.

Vivemos muitos anos.

Cuidava-o como quem cuida do seu jardim, fertilizando-o com pequenos arranjos, cozendo-lhe aqui e ali, uma ou outra coisa, mudando-lhe os botões... pequenas-grandes-coisas que pareciam simples e hidratavam a ternura que por ele sentia.

Porém, com o tempo, com o uso, com a insistência de com ele continuar a partilhar dias solarengos de verão, os arranjos foram sendo cada vez mais desafiantes e complicados.

Ele queria sair da minha vida, e eu insistia em deixá-lo ficar.

Sempre que esgaçava um pouco mais, corria para a costureira, apertando-me cada vez mais nele, cheia de esperança, de conceder salvação, àquilo que no fundo sabia, não mais existir.

Cada Verão que passava, tinha mais a certeza de que um dia nos iríamos separar.

Estendia esse dia, como se estendesse massa de pizza, alimentado a ilusão que talvez fosse possível, voltar ao tempo em que nada precisava de ser remendado.

Curiosamente, tinha um vestido velho, que continuava a brilhar aos meus olhos e aos olhos de quem com ele me via.

- É a tua cara, fica-te tão bem…

Mas, como toda a “cara”, tem a sua “coroa”, o meu corpo também ele timbrado pelo tempo, não aguentou tanto aperto e o velho vestido finalmente esgaçou de vez, mostrando-me a simplicidade das mortes anunciadas, mesmo quando se insiste em não-deixar-morrer.

Sem qualquer possibilidade de mais remendos, morreu-me nos braços e nada mais pude fazer.
A sua hora tinha chegado e a minha também.
O tempo dita verdades a que a verdade por vezes, prefere mentir!

Olhei-o pela última vez.

Tinha perdido todo o brilho. Finalmente vi, que chamava vestido, a um tecido russo, esgaçado, remendado e sem vida.

Um dia foi um vestido, sim, mas há muito que não o era!
Encostei-o ao meu peito.
Foi parte importante do meu caminho e honrei-o por isso.
De seguida, olhei para o armário e reparei que não havia nenhum igual, e isso foi mágico e transformador!

Sem apego, estava agora liberta do inglório esforço, que é dar vida, ao que já morreu.

Foi então, que com ar de gozo o meu armário sorriu, ( no fundo, tinha acompanhado todo aquele meu apego durante anos), olhou-me os olhos, e disse-me baixinho...

- Sabes uma coisa, Mulher? Cada vestido é único, é um facto. Mas, tal como nós, todos têm o seu tempo. Olhaste tanto só para esse, que te esqueceste de vestir todos os outros.
É pena, pois muitos te querem bem e muitos chamaram por ti, só que cega, não os podias escutar…
Lembra-te sempre de uma coisa - há mais vida para além da vida, há mais mundo para além do mundo, há mais gente, para além de nós, há mais vestidos…muito mais vestidos, para além desse, ao qual por apego, precisaste de te encolheres para nele puderes caber!
E, seja lá porque aquilo que for, quem precisa de se encolher, nunca poderá ser feliz!!!  

segunda-feira, 1 de junho de 2020

A PURA MAGIA DE SER TUA AVÓ

Ser tua avó tem uma melodia diferente de todas as outras!
Mais leve, mais subtil, com acordes que acordam a Alma e palavras que se esfumam na beleza da sintonia dos olhares, dos toques, dos sorrisos, das perguntas...
Ser tua avó é conhecer parte do caminho, e mesmo sabendo que és tu que o vais trilhar, descobrir, mostrar-te a Vida com acordes harmoniosos, pois, minha amada, existem tantos diferentes tipos de melodias, que sei um dia irás com certeza escutar!
Mas...
Ser tua avó, é fazer tudo isto com magia!
Sim, magia.
Embrulhar experiências com ternura, num imaginário e doce rebuçado, onde sem perceberes, se abre espaço amoroso para juntas aprendermos.
Tu, sem perderes a beleza da tua inocência, e eu regastando a minha, tantas vezes sacudida e maltratada!
- “Vóvó, dou-te a mão, e vou contigo, porque adoro-te...”
Comovo-me.
Contigo sou livre como uma borboleta, ou até como a gaivota branca que voava alto no céu azul da praia onde estivemos.
Contigo sou feliz, muito feliz!
Contigo, sou rica!!
Tão rica e feliz, como a árvore que nutrida pela Mãe Terra, verticalmente nos protegeu do Sol, para criarmos a nossa mandala, nos deu o seu aconchego e nos encheu de Amor!

quarta-feira, 6 de maio de 2020

AMIGOS INVISÍVEIS

Da mesma forma que estamos a ser obrigados a lidar com um “inimigo” que não se vê, lidamos diariamente com amigos invisíveis, que bem escondidinhos estão presentes, para nos trazerem luz, paz, amor e mais consciência.
Os amigos invisíveis têm várias particularidades.  
Com alguma perícia, gostam de afastar de nós, o pensamento lógico, aquele que busca quantidade em detrimento de qualidade, aquele que nos mente com os dentes todos arreganhados, fazendo-nos acreditar que o problema é o problema em si, e não a aprendizagem e a solução nele contida.
Estes amigos, gostam ainda de nos transportar para o mundo da verdade, considerado pelos mais racionais, como o mundo dos “loucos”, ou daqueles que tadinhos nasceram “fora-do-tempo”, ou seja, aqueles que sendo, “humanamente-humanos”, sabem de cor a realeza da intuição e a sabedoria que é aprender a escutá-la, seguindo-lhe a direcção sem hesitações, nem desconfianças. 

Os amigos invisíveis, regra geral são pacientes, persistentes e bons anfitriões.  

Incansáveis, trabalham sempre a nosso favor. Não se cansam de trazer até nós esperança, mesmo quando insistimos em ruminar medos, calcular tragédias, e abandonar o nosso barco, acreditando que o comandante, é sempre o outro e não nós!

Ao longo da nossa caminhada, estes amigos invisíveis são presença assídua nas células do nosso corpo e nas entranhas da nossa alma.

Querem-nos tão bem, que aguentam os nossos equívocos, mesmo quando rejeitados escutam – “eu cá, só acredito no que vejo”, é que a "matéria" de que são feitos ultrapassa o “acreditável”, desafia o transcendente, eleva o subtil e isso dando trabalho, e estando ao alcance de qualquer um, não é para todos, claro está! :-)

A presença destes amigos revela-se também através de alguns sintomas, que acredito alguns de nós, têm vindo a experienciar nestes últimos anos:

A esperança e a certeza de que tudo está absolutamente certo.
A confiança na vida e nos seus cíclicos processos de renovação e regeneração.
Observar atentamente a natureza, reconhecendo que não existe uma única estação, mas sim, quatro.
Observar-se e observar a vida e perceber-lhe o constante movimento entre expansão e contracção.   
A sensação de aceitar e de obedecer a uma ordem maior, rendendo-se cada vez mais, começando a ver dissolvidos os seus eternos “porquês”
Deambular entre vales e montanhas, choros e risos, e “estranhamente” deixar de querer à força decifrar o caos, optando por lhe aceitar antes, a ordem a que este nos convida.
Saber que semear batatas, não é sinónimo de colher agriões.

Assim sendo, se já tem alguns destes sintomas, o melhor mesmo é não procurar o médico, pois em breve descobrirá que a cura está dentro de si, e que muito provavelmente, está a ser bafejado, apoiado e nutrido mais uma vez por aqueles invisíveis amigos que tantas vezes desprezou.

Há quem lhes chame anjos, guias, mestres…porém isso é pouco importante para aqui, pois do mundo sagrado faz parte o mistério do inominável e faço sempre questão de o respeitar.   

Bem, se conseguiu ler este texto até aqui, atrevo-me a fazer-lhe uma sugestão :-) 

Tire a máscara que criou e sem grandes cuidados atire-a para o lixo.
Lave as mãos e a cara, apenas para garantir que dela nada mais ficou. 
Quanto ao “inimigo”, desconfio que está disfarçado de vírus, na tentativa de transformar uma humanidade hipócrita, agarrada à matéria e afastada daquilo que não vê, mas que no fundo, é estupidamente essencial.

Os tempos são de (con)vite à transformação.

Se cada Alma, souber que Alma É, tudo será mais simples.
Não precisaremos de matar o “inimigo” a todo o custo, só precisamos de resgatar finalmente o “amigo” que ignorámos anos a fio.  
Bem vistas as coisas, e para não haver batotas, depois de baralhadas bem as cartas, concluo que - nenhum deles se vê, nem o inimigo, nem o amigo, é um facto...
mas que indubitavelmente …
Ambos existem!

MÃE HÁ SÓ UMA?

Existe uma mãe na nossa infância e outra na nossa adolescência.
Existe uma mãe antes de sermos mães e outra que de mansinho chega até nós pouco tempo depois.
Existe, ainda outra...
Aquela que nos acontece com a nossa caminhada e maturidade.
Aquela que surge bem presente no nosso âmago, quando nos tornamos avós.
Existem várias mães, mas o ditado diz que mãe há só uma, pois afinal ao que parece, as várias somos nós!
Que beleza este feminino que acolhe no ventre, nutre na terra e guarda para sempre no coração!
Amo-te Mãe e foram precisos anos, onde sendo esta, fui tantas outras, para o sentir assim tão profundamente no meu coração!
Gratidão pela vida que me permitiste SER!

terça-feira, 31 de março de 2020

FINITOS NA FORMA, ETERNOS NA VIAGEM A ALMA

Finitos na forma, eternos na longa viagem da nossa Alma. 
Dadi Janki, lider espiritual da Brahma Kumaris regressou à casa do Pai. 
Vivia em Mount Abu, na India, perto do Rajastão, onde em 2012, tive o privilégio de estar em retiro e poder sentir a profundidade do seu olhar e a sua indescritível PRESENÇA!
Deixou-nos um legado de Amor, Paz, Coragem, Determinação, Pureza e Sabedoria Divina! 
Om Shanti, Dadi Janki 

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

FILOSOFIAS DE UMA AVÓ | SÓ O AMOR CURA


Um destes dias fomos almoçar ao restaurante perto da praia onde costumamos ir. Entre uma garfada e outra, a cumplicidade derretia aos poucos o cansaço da grande caminhada que tínhamos feito até ali chegar, e os afectos misturavam-se agora com os brancos filetes, que a minha ternurenta paciência, continuava a arranjar para que comesses realmente bem.    

- Quero o teu sumo Vó Kikas – disseste elevando a voz.

Franziste o sobrolho, fechaste os olhos e dos lábios vermelhos amorangados lá te saiu um maravilhoso - huuuummmm, gosto muito, quero mais…      
Tudo de ti me enriquece, aquece e faz transbordar os meus olhos de gratidão.
Passei-te o copo. Olhei-te e ri-me.
Tu riste-te também.
Num minuto sugaste o resto do sumo e antes que eu dissesse o que quer que fosse, levantaste-te feliz e pude naquele instante sentir mais uma vez a profunda empatia da nossa gratidão.
Puseste-te atrás de mim, abraçaste-me pelo pescoço, com tanta, mas tanta força, que conseguiste esganar num ápice todas as intempéries que até hoje vivi….depois deste-me um beijo que ficou tatuado para sempre em mim.  
É verdade, minha amada, só o Amor pode curar.
E, o nosso CURA, SIM.