Os
outros eram tristes, iludidos e carregavam consigo a imensidão da mentira, que confundida
com o mar, refletia em mim cinzentas nuvens de tristeza e nostalgia.
Recordo-me
de aqui caminhar, ausente de mim.
Cabisbaixa,
observava aqueles pés.
Cansados,
sem rumo, desconheciam a fórmula necessária de continuar o caminho a que se propuseram.
Sabiam
que o caminho é o caminhante e talvez por isso, continuavam a deixar na areia a
marca da esperança e da vontade de VIVER.
Hoje
pergunto-me se os estes pés serão os mesmos.
Curioso,
como o poder da transformação, parece anular esta indubitável certeza, que
sempre que a consciência acontece, a lucidez surge e os acontecimentos alteram,
o corpo, apesar de ser mesmo, parece-nos outro.
Fala-nos
de outra maneira. Conta-nos outras histórias.
Mesmo
quando as memórias mais dolorosas surgem, tem a magia de nos reposicionar,
apaziguar e relembrar que nada mais existe que a eternidade do “momento-presente”.
Foi com ele que hoje falei.
Perguntei-lhe que pés pisam, tantos anos
passados,esta areia.
Olhou-me
ausente de passado ou futuro e respondeu “ Os teus, que não sendo outros,
seguramente não são os mesmos "
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