Verdadeiros
barómetros, capazes de medir a pressão atmosférica das nossas amizades, as
perdas, ‘tragédias’, períodos de grande provação, ou por outro lado as nossas
celebrações, alegrias, conquistas trazem consigo agarradas sempre a
possibilidade de parar, escutar e mesmo ‘estando-dentro’, ‘olhar-de-fora’, e
observar quem são realmente as pessoas que sentimos estão presentes na nossa
vida e em que circunstâncias isso acontece.
Refletir
sobre quem gostaríamos mesmo de ter no nosso casamento, (não só porque dá uma
prenda de valor mais alto, mas porque “vale-a-pena” em nós) e quem gostaríamos
de saber, que se partíssemos agora, estaria no nosso funeral.
No
entanto, os nossos desejos são responsáveis também pelas expectativas que
criamos sempre que queremos que alguém esteja ao nosso lado em determinada
situação, o que depois se pode verificar não acontecer.
Vivemos
num mundo de percepções onde cada um através do seu “mapa mundo”, tem o seu
próprio ‘conceito’ de amigo e uma classificação específica para o mesmo.
Há
quem diga que é nos ‘momentos-maus’ que se vê quem são os verdadeiros amigos.
Eu,
que tenho obviamente também o meu próprio-mapa, não posso concordar totalmente
com isso.
No
meu ‘sentir’, não sendo a nossa vida feita apenas de ‘derrotas’ nem de
‘momentos-maus’, valorizo muito aqueles que estão presentes nos
‘momentos-bons’, momentos de celebração e de conquista.
Não
falo apenas de presença física, mas sim de presença.
Ao
longo da minha vida fui percebendo que talvez não existam assim tantas formas
de se ser amigo ou de considerar alguém amigo.
A
mim, apenas os actos têm a inteligência de revelar quem eles são.
Foi
com esta experiência que fui percebendo, que da minha vida fazem parte centenas
de “conhecidos”. Pessoas que sinto gostam de mim e de quem igualmente gosto.
Estas
são as pessoas que ‘socialmente’ celebram vitórias e conquistas ao meu lado,
mas que em situações mais ‘intimas’, não estão de todo presentes.
Depois,
como a Vida é cíclica e dinâmica, existem aquelas pessoas que um dia considerei
‘amigos’, mas com o passar do tempo, parecem passar a “conhecidos”.
Curiosamente e ao contrário dos ‘ apenas-conhecidos’, não demonstram vontade
nem disponibilidade de fazer parte da minha vida.
Pessoas
que amo, porque o Amor não tem rupturas, mas que têm um conceito bastante
diferente do meu em relação à amizade.
Não
se conseguem regozijar com as minhas-conquistas, mas ainda assim acredito
estariam em ‘corpo-físico’ no meu funeral :-)
Mas
como, o que nos magoa são as nossas expectativas e não as pessoas em si, e tudo
se passa dentro de nós, o ‘julgamento’ acontece sempre que as coisas não são
como gostaríamos que fossem. Talvez por isso, estas reflexões apenas servem
para me levar ao ponto de partida – olhar para dentro e avaliar como defino eu
a AMIGA que SOU.
Para
mim, ser amiga é interessar-se naturalmente pelo outro.
Saber
dele, sabendo que de mim ele quer saber também.
Estarmos
lado a lado SEMPRE. Presença muito mais-que-física, PRESENÇA EM Si.
Apoiarmo-nos
em ‘momentos-difíceis’ e acompanharmo-nos com carinho e regozijo em
‘momentos-bons’.
Felicitarmo-nos
e contribuirmos para ampliação das conquistas mútuas.
Ser
amiga é dar-me.
Não
pelo que quero do outro obter, mas sim porque gosto genuinamente de lhe dar.
É ter
sempre a humildade de não me considerar “ amiga-verdadeira”.
Porque
para mim, chamar ‘verdadeiro’ a um amigo é como dizer que o Amor é
incondicional ou a água molhada. Uma completa redundância.
Amigo
não tem ‘A’ grande ou ‘A’ pequeno.
Amigo
não é conhecido.
Amigo
é amigo e ponto final.
Pelo
menos para mim.
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