Desde
que me lembro de mim, que sou acompanhada por uma profunda vontade de “perceber”
a existência.
Hoje
sei, que “percebe-la” é acima de tudo ousar experiencia-la, aprendendo a sua
profunda simplicidade e aceitando de forma natural os seus débitos e créditos -
leis revestidas de imparcialidade a que todos estamos sujeitos.
Quer
queiramos ou não, a impermanência é uma delas.
Quem
não sentiu pelo menos uma vez na vida a tristeza de ver alguém partir e verbalizar
com dor - “ nada fazia prever que partiria assim tão de repente”.
Talvez
este seja mesmo o princípio da grande ilusão que carregamos sobre a existência.
Afinal, que previsibilidade maior pode existir para a morte, do que a de se estar
vivo?
A
impermanência doi-nos, faz-nos sentir sem controlo.
Custe
o que custar queremos manter bem pertinho quem amamos, porque no fundo sabemos
que contrariamente à impermanência da Vida, em nós está contida a memória celular da Permanência do
Amor.
Só a
ilusão e a vontade de tornar a Vida permanente, nos faz acreditar que a partida
de quem amamos, significa distância e afastamento.
Curiosamente,
ao mesmo tempo que aprendemos o Amor, vamos naturalmente aceitando a impermanência
da Vida. Talvez isto aconteça sempre que somos levados a experienciar que nele
não há rupturas e que a sua eternidade em nós fala mais alto, anulando a ansiedade
existencial de vivermos num mundo impermanente, pois ao contrário da Vida que,
nos obriga muitas vezes a romper com tudo aquilo que não nos faz crescer, o
Amor não tem passados, ‘rompimentos’ ou rupturas.
Quem Amou,
Ama.
Só
que Amar não significa “reter”, tornar nosso, usar e deitar fora. Esta sim é
uma “complicada-ilusão” que indubitavelmente terminará um dia, quem sabe para
que nos possamos aproximar mais e mais da nossa essência – a essência do Amor.
Porque
afinal, o Amor tem em si a simplicidade permanente da sua Verdade.
A
verdade que nos ensina que Amar é estupidamente simples.
Tão simples
como viver, tão profundo como respirar.
Tão PERMANENTE como a mágica e divina impermanência
da Vida.
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