Curiosamente
(ou não) a poucas horas de iniciar um encontro onde irei falar sobre “A
permanência do Amor na Impermanência da Vida” relembro com um sorriso, que faz exactamente
hoje 8 anos que aterrei no aeroporto de Lisboa, depois de ter estado durante alguns
anos na Ilha de São Miguel, onde a Vida quis que experienciasse a iniciática bênção
de viver em simultâneo o céu e o inferno.
Lugar
mágico, mostrou-me epidermicamente que qualquer processo de transformação tem em
si necessariamente contido, perda de ilusões, lágrimas e verdades que repõem em
nós aquilo que não sabemos SER, mas que a vida não quer deixar de relembrar que
SOMOS.
Dizer
que vim “ com uma mão à frente e outra atrás” seria mentir, pois a sensação que
guardo é que cheguei ausente de mãos, ausente de valores e de esperança.
Assumir
que me permiti ser enredada em jogos de poder, driblada por constantes mentiras,
sacudida teluricamente por alguém em quem confiava cegamente, foi muito duro de
aceitar.
Mas, afinal fui eu quem permitiu.
Mas, afinal fui eu quem permitiu.
Relembro
o meu regresso.
Vazia
de tudo, os dias passavam por mim, sem que deles conseguisse usufruir. Esbracejava
numa falta de aceitação constante que cada vez mais me consumia e deixava sem
chão.
Hoje
sei, o dia exacto em que decidi aceitar que por mais dura que fosse a verdade,
ela seria sempre menos dura que a mentira em que vivi anos.
Esse
foi o dia em que o meu coração se abriu para mim própria e me tornei na minha
melhor companhia. Depois, foi atravessar um longo deserto na esperança de
encontrar a tão merecida água que a minha alma sabia existir.
Hoje
sei, que estes 8 anos foram de reconstrução profunda. O “tempo-dos-homens” tem
este poder – afasta-nos da dor, aproximando-nos das aprendizagens que dela
resultaram. Engrandece-nos com o “Zoom” a que nos capacita, sempre que
conseguimos ver com mais e mais clareza o que na altura víamos negro e desfocado.
Como
costuma dizer o José Maria Dória, hoje sei que aconteça o que acontecer na
verdade nada acontece.
Talvez eu queira aqui acrescentar, e…tudo
passa.
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