sexta-feira, 6 de junho de 2014

HOJE SEI

Curiosamente (ou não) a poucas horas de iniciar um encontro onde irei falar sobre “A permanência do Amor na Impermanência da Vida” relembro com um sorriso, que faz exactamente hoje 8 anos que aterrei no aeroporto de Lisboa, depois de ter estado durante alguns anos na Ilha de São Miguel, onde a Vida quis que experienciasse a iniciática bênção de viver em simultâneo o céu e o inferno.
Lugar mágico, mostrou-me epidermicamente que qualquer processo de transformação tem em si necessariamente contido, perda de ilusões, lágrimas e verdades que repõem em nós aquilo que não sabemos SER, mas que a vida não quer deixar de relembrar que SOMOS.
Dizer que vim “ com uma mão à frente e outra atrás” seria mentir, pois a sensação que guardo é que cheguei ausente de mãos, ausente de valores e de esperança.
Assumir que me permiti ser enredada em jogos de poder, driblada por constantes mentiras, sacudida teluricamente por alguém em quem confiava cegamente, foi muito duro de aceitar. 
Mas, afinal fui eu quem permitiu.
Relembro o meu regresso.
Vazia de tudo, os dias passavam por mim, sem que deles conseguisse usufruir. Esbracejava numa falta de aceitação constante que cada vez mais me consumia e deixava sem chão.
Hoje sei, o dia exacto em que decidi aceitar que por mais dura que fosse a verdade, ela seria sempre menos dura que a mentira em que vivi anos.
Esse foi o dia em que o meu coração se abriu para mim própria e me tornei na minha melhor companhia. Depois, foi atravessar um longo deserto na esperança de encontrar a tão merecida água que a minha alma sabia existir.    
Hoje sei, que estes 8 anos foram de reconstrução profunda. O “tempo-dos-homens” tem este poder – afasta-nos da dor, aproximando-nos das aprendizagens que dela resultaram. Engrandece-nos com o “Zoom” a que nos capacita, sempre que conseguimos ver com mais e mais clareza o que na altura víamos negro e desfocado.
Como costuma dizer o José Maria Dória, hoje sei que aconteça o que acontecer na verdade nada acontece.
Talvez eu queira aqui acrescentar, e…tudo passa.     

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