Na
passada segunda-feira num jantar de amigas, alguém se queixava de ‘ não
encontrar o seu companheiro e disso a estar a deixar cada vez mais sem
esperança’. Ao escutar isto, outro alguém acrescentou de imediato‘ que não se
preocupasse, pois para cada tacho existe uma tampa’ e por isso a ‘tampa’ dela,
um dia iria aparecer. J
Genial,
pensei. Na verdade, quando deixamos de procurar e decidimos apenas VIVER aquilo
que a Vida tem para nós, as perdas e os ganhos, os encontros e desencontros, acontecem
naturalmente, tal como a noite se sucede ao dia sem lhe opor qualquer tipo de resistência.
Tudo
está certo, apesar de nem sempre parecer.
Hoje
mesmo dei por mim a pensar, como me sinto grata por partilhar a minha vida com
o Nuno, meu companheiro, que, costumo dizer me encontrou, quando deixei de
procurar. Temos os nossos desafios, claro está. Uma relação é um ser vivo. Tem a
sua dinâmica, o seu próprio crescimento, a sua própria identidade.
Não é
o absoluto, tão-simplesmente porque os absolutos não existem.
Mais
do que a ultima a morrer, a esperança deve ser cada dia mais VIVA em nós, para que
aceitemos de uma vez por todas que se ainda estamos ‘sozinhos’ é porque ainda
não chegou a hora de estarmos acompanhados. Talvez
as aprendizagens de dividirmos a nossa casa apenas com nós próprios ainda não
se tenham esgotado e não tenhamos ainda sido bafejados com a ausência do medo profundo,
que é não mais encontrarmos alguém que queira partilhar connosco uma vida a
dois.
Ao perdemos
este medo, a bruma em que vivíamos, dissipa-se e podemos finalmente encontrar a
lucidez que é sermos o(a) nosso(a) melhor amigo(a). Só
quando aprendemos a viver ‘sem-ninguém’, a sermos a nossa melhor companhia, a
fazermos sozinhos tudo aquilo que gostaríamos de fazer acompanhados, e mesmo
assim somos profundamente gratos e deliciosamente felizes, é que podemos finalmente
ser o dito ‘tacho’ pronto, para que a ‘tampa’ certa encaixe, sem esforço, sem
pressão, naturalmente.
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