Talvez
um dos nossos maiores desejos secretos, seja viver de mãos dadas com o
previsível, com a garantia que nada escapa ao nosso controlo, e principalmente
de que nada é aquilo que não queremos que seja.
No
entanto, e por mais que isto nos custe, a única certeza que existe na vida é
mesmo a sua constante incerteza.
Esta
incerteza que queremos contrariar, banir, aniquilar.
Em
vão,claro.
A não-aceitação das leis naturais da nossa
existência na Terra, onde tudo flui ao seu ritmo, no seu tempo, com a sua ordem
natural abre em nós uma brecha interna, que inevitavelmente nos coloca nas
areias movediças dos nossos desejos infantis, onde acabamos enterrados na nossa
própria desordem interior.
Perante
a ciclicidade da vida, a mutação do tempo, o renovar constante do espaço, que
certezas podemos nós ter, se não a de que estamos vivos?
Curiosamente,
apesar de ser esta a nossa única certeza, é aquela que nos passa mais
despercebida.
Afinal,
parece que a vida é algo ‘tão certo’, tão adquirido que podemos gastar as
chances com que ela nos presenteia onde bem nos apetece, podemos desperdiçar
cada segundo com dramas sem sentido, com problemas inventados para nos sentirmos
‘activos’ no meio do drama maior, que é não sabermos viver!
A
incerteza que nos torna vulneráveis, é a mesma que nos leva até à certeza de
que a vida é simples mágica, magistral.
Basta
ousarmos vivê-la, não andando dela escondidos.
Usarmos
a sobriedade divina a que todos temos acesso, para separarmos as águas e
percebermos de uma vez por todas, que não é porque há crise que vivemos tempos
de incerteza, mas sim porque as leis da vida ainda são superiores às leis dos
homens e por isso mesmo,nesta sedutora bola azul, não
há, nem houve memória de tempos que assim não fossem.
Nem ontem, nem hoje, nem amanhã.
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