Confesso que me sinto muito tocada (vou chamar-lhe assim), sempre que observo um adulto a fazer uma
birra. Sim, caso não saibam,(ou prefiram ignorar), boa parte dos que, fruto da idade, se auto-intitulam adultos fazem grandes e estrondosas birras, de fazer inveja a qualquer puto mimado.
Várias são no entanto as interpretações...
Uns chamam-lhe teimosia (fica bem), outros, feitio ( inalterável(!), logo aceite), outros, orgulho (como se ele fosse algo construtivo e saudável), e outros (os mais apagados e que ainda não perceberam que nasceram), bem… esses não lhe chamam nada, pois nem se dão conta que exprimem o que reprimem, mesmo quando desatam aos murros uns aos outros depois duma bela e muito sã partida de futebol.
Várias são no entanto as interpretações...
Uns chamam-lhe teimosia (fica bem), outros, feitio ( inalterável(!), logo aceite), outros, orgulho (como se ele fosse algo construtivo e saudável), e outros (os mais apagados e que ainda não perceberam que nasceram), bem… esses não lhe chamam nada, pois nem se dão conta que exprimem o que reprimem, mesmo quando desatam aos murros uns aos outros depois duma bela e muito sã partida de futebol.
Seja
lá como for, eu (aqui de fora) prefiro chamar birra à birra em si, e não outro
qualquer nome pomposo, na tentativa vã de dignificar comportamentos “pralém-de-infantis”
em “ gente-supostamente-adulta”.
Fico
extasiada quando em consulta, me deparo com situações de grande conflito, onde
mais importante do que resolver as coisas com Amor (que supostamente existe!) se
torturam e esgatanham casais, em birras estridentes pelos brinquedos (seus objetos
de desejo), que lhes tornam a vida num verdadeiro inferno, o que parece ser
pouco importante, apesar de verbalizarem o contrário. Estes "brinquedos", com que se entreteram anos a fio, são agora divididos ao cêntimo, reconhecendo cada berloque de cortinado como oxigénio para poderem continuar a respirar depois do divórcio. Isto já para não falar dos filhos, grandes "objectos de desejo", que por "amor" disputam.
Até posso tentar perceber que alimentar uma “boa-birra” pode ser como comer uma “boa-feijoada”, pode empanturrar-nos até ao tutano, mas o prazer que nos deu foi tal, que mesmo mal dispostos dizemos o (des) culpabilizador – “valeu a pena”.
Até posso tentar perceber que alimentar uma “boa-birra” pode ser como comer uma “boa-feijoada”, pode empanturrar-nos até ao tutano, mas o prazer que nos deu foi tal, que mesmo mal dispostos dizemos o (des) culpabilizador – “valeu a pena”.
Pois, lá dizia o poeta que
“vale sempre a pena, quando a Alma não é pequena”, o que (feijoada à parte) não
é o caso, claro está.
Experienciamos a vida
deambulando entre o desejo,
proveniente do medo, expressão do nosso ego, e a vontade
proveniente do Amor que somos,
expressão da nossa Alma ou essência.
As
birras que fazemos quando irritados constatamos que nem tudo gira em volta dos
nossos desejos e que apesar de podermos ter inúmeras masturbações mentais, os orgasmos escasseiam sempre que o que
nós desejamos para a vida, está em desacordo com o que a vida quer de, e para nós. Assim sendo, podemos galopar num desmedido frenesim em
busca de satisfação exterior que satisfaça e relaxe a insatisfação interior,
que mais cedo ou mais tarde iremos acabar derrotados, tal como a criança, que
adormece rendida ao cansaço de tanto chorar, e acorda a rir, preparada no
entanto para o próximo “round”, onde tudo de novo se irá repetir (a não ser que
os seus desejos, sejam ordens para os seus progenitores e tenham satisfação
imediata).
A
frustração proveniente do cansaço das imensas birras que ao longo da vida fomos
fazendo, é uma das nossas maiores dores.
Ir
diferenciando os nossos egoícos desejos, da nossa genuína vontade é um trabalho
muito recompensador.
Com
ele, aprendemos a relaxar, a deixar a vida fluir e a aceitar o que ela
sabiamente nos vai trazendo.
Aprendemos
a não mais “bater o pé” para TER, mas sim a usar as mãos para FAZER e a essência para SER.
Aprendemos
que a verdadeira satisfação vem de dentro de nós, do que somos e não do que
temos.
Do
que damos e não do que queremos obter.
Das
letras que cantamos em uníssono com a vida, e não daquelas que gritamos
insatisfeitos.
Aprendemos a não exigir, mas
sim a agradecer, sabendo que tudo está certo, apesar de nem sempre nos satisfazer.
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