Como não me canso de afirmar o fim de uma relação não significa nunca o fim do Amor, caso ele algum dia tenha existido, claro está.
De facto o Amor aprende-se, e aprendê-lo é ir aos poucos percebendo
tudo aquilo que ele não é. Há relações que nos marcam profundamente, que se
agarram a nós epidermicamente e que mesmo depois de terminadas parecem não
deixar espaço para que mais ninguém nos habite.
Ao constatarmos isto, surge tímida a pergunta - como poderemos nós
esquecer alguém de quem nos lembramos todos os dias?
A resposta é simples, não podemos.
Podemos sim, aceitar o pensamento e apaziguarmo-nos com ele.
Na verdade tudo na vida é impermanente, cíclico e … apesar de nem
sempre parecer, passageiro. Não adianta querermos a todo o custo esquecer
alguém de quem nos lembramos diariamente, empenharmo-nos com fervor para não
pensar, fazermos repetidos pedidos “lá-pra-cima” para sermos divinamente bafejados
por uma amnésia repentina, pois tudo isto só servirá para aumentar a
intensidade do pensamento e a dor da “ausência”.
Também de nada servirá embarcar a todo o vapor noutra relação com o
propósito de esquecer aquela. Aqui sucumbiremos facilmente ao jogo das “comparações”
e anestesiaremos o que emocionalmente com este processo precisamos aprender e libertar.
É comum dizer-se que o tempo cura tudo e que com ele tudo passa.
Fernando Pessoa inclusivé dizia que o
tempo é um grande escultor. Eu acredito que sim, desde que o tempo exterior
e o tempo interior trabalhem em parceria. Lembro-me por exemplo de um caso, de
alguém que após quinze anos de divórcio, referia com orgulho que ainda usava
aliança, pois aquele casamento não tinha como acabar. Escusado será dizer que
nunca mais teve nenhuma relação o que lhe trazia um profundo sofrimento. Apesar
do “tempo-aparente” que passou, o luto nunca foi feito.
Aceitar a perda não implica o esquecimento.
Na verdade, não se esquece quem se ama como se esquece o leite ao lume
ou as chaves em casa.
Lembrar todos os dias, mesmo que muitas vezes não seja
fácil, é a forma que a vida tem de nos mostrar que o que foi verdadeiro um dia
não tem como deixar de ser.
E, isso talvez seja mesmo o mais importante.
Afinal tudo na vida está
absolutamente certo, mesmo quando contraria o nosso mais profundo desejo.
Adoro sobretudo o final!! Parabéns Cris. Beijinho-
ResponderEliminarObrigada minha querida. Abracinho forte
EliminarOlá Cristina
ResponderEliminarNão pude ficar indiferente a esta questão... pois de complexa como é, dá muito que pensar levando a várias conclusões possíveis...
Na realidade tenho-me perguntado se uma viúva sentirá tanto sofrimento como uma divorciada...
Acho que a viúva ao aceitar, irremediavelmente, a perda e, com a ajuda do factor tempo, leva- a, não, a cair no esquecimento, mas sim, lembrar as coisas boas que aconteceram e aí fica naturalmente mais amenizada.
Já o caso da divorciada que sente a falta na pele como tu disseste e, com este toque, lembra com saudade a parte boa, inevitavelmente cai no sofrimento amargo, criando um muro intransponível à sua volta para não deixar que se aproximem dela mas, se quando for "tocada” pelas boas lembranças, tentar recordar o que de pior houve na relação, aí recebe um balão de oxigénio e segue, mas... que nem barata tonta!
Pela minha recente experiência procurei estar ocupada/entretida com assuntos extra relacionamentos e mais, conviver proximamente de novo com o ex para, de forma fria, tentar analisar, estudando-o e aperceber-me do quão incongruente que era e continua a ser ...
Lentamente, esta atitude que apelido de "agarrar o touro pelos cornos" fez com que me fosse desapegando de forma natural.
Acredito que provocar uma situação dessas não estará à mão de muita gente como também acredito que nem toda a gente tenha a fibra para encarar tal desafio...
Não quis deixar de te contar isso, pois para além de ter vindo a propósito, foi, na realidade, a minha maior batalha.
Abraço
Helena
Helena querida
ResponderEliminarMuito obrigada pela tua sincera e genuina partilha.
Bem-Hajas pela grande mulher que és!!
Recebe um abraço com carinho
Cris
acreditar e aceitar que tudo está certo é sem dúvida uma grande ajuda para um recomeço de algo, sem se ficar agarrado ao que , não importa a razão, fisicamente deixou de fazer sentido
ResponderEliminarabraçinho