(Artigo publicado hoje na Rede Social do Movimento Despertar Portugal)
Um destes dias decidi apanhar o metro, coisa que não acontecia há já algum tempo e dei comigo a observar e a sentir tudo aquilo que via à minha volta. Ao sentar-me reparei que alguém comentava o “Correio da Manhã”, num timbre alterado, dizendo com convicção “que isto ainda vai piorar”, saltando de imediato da sua expressão um certo regozijo pela certeza da profecia que acabara de proferir. Decidi não falar. Em silêncio continuei a observar as entradas e as saídas, o peso da mecanicidade nas expressões de cada um, o descontentamento, o sonambulismo coletivo, o foco contante numa crise que engoliram e que agora os engole – a crise que os tornou crise, sem pedir licença e da qual são já fieis arrendatários. Tão bom que era que se percebesse que a vida não está em crise e que o propósito do que está a acontecer é muito superior aos acontecimentos em si.
Um destes dias decidi apanhar o metro, coisa que não acontecia há já algum tempo e dei comigo a observar e a sentir tudo aquilo que via à minha volta. Ao sentar-me reparei que alguém comentava o “Correio da Manhã”, num timbre alterado, dizendo com convicção “que isto ainda vai piorar”, saltando de imediato da sua expressão um certo regozijo pela certeza da profecia que acabara de proferir. Decidi não falar. Em silêncio continuei a observar as entradas e as saídas, o peso da mecanicidade nas expressões de cada um, o descontentamento, o sonambulismo coletivo, o foco contante numa crise que engoliram e que agora os engole – a crise que os tornou crise, sem pedir licença e da qual são já fieis arrendatários. Tão bom que era que se percebesse que a vida não está em crise e que o propósito do que está a acontecer é muito superior aos acontecimentos em si.
Como seria o mundo se continuássemos
apegados à conquista de bens materiais? Era impossível que esta
praga de colecionadores de casas, carros, hipotecas, cartões de crédito, não
tivesse um fim. Era impossível que continuássemos a galgar por cima uns dos
outros obstinadamente, sem que nada acontecesse. E, a verdade é que nada
acontece sem uma ordem intrínseca, ou um
propósito maior.
Esse propósito, que
propositadamente nos tem feito estas arrojadas propostas, eu dividiria em duas
grandes fases.
A primeira (que estamos a viver
neste momento), chamo-lhe o despressurizar do ego.
O caos aparente. Perder, perder, perder.
Perder ‘coisas’ contra o nosso desejo ( e desejamos sempre muito!!), perder
empregos que tanto nos orgulhávamos de dizer serem ‘seguros’, não termos dinheiro
suficiente para o que é ‘essencial’, para percebermos que desse essencial ainda
há muito supérfluo.
Obrigados a deixar ir tudo o que nos iludia de segurança e aparentemente
sem ‘nada’, impelidos pela força da vida e pelo efeito da despressurização, perdemos
a “ilusão-do-ter” e aceitamos finalmente socorrermo-nos da ‘máscara de oxigénio’ há tanto pendurada
dentro de nós, que é a nossa essência.
Essa essência, durante anos coberta por medos, por padrões do que está
certo ou errado, por carrosséis de hipocrisias sociais onde entrámos para dar apenas
uma voltinha e acabámos por nos irmos deixando ficar seduzidos e estonteados pelo
emprego ideal, o(a) companheiro(a) ideal, o carro ideal, a casa ideal, a viagem
ideal. Tudo ideal e nós idiotas, longe de quem somos, sem rumo e sem sentido
para a vida. Essa é a essência que nos torna únicos, que nos diferencia do
outro, mas que ao mesmo tempo tem a magia de nos aproximar mais e mais. Aquela
que nos fideliza à nossa vocação, afastando-nos da profunda e ignorante estupidez
que é escolher ‘cursos-só-porque-têm-saída”, ou da mastigação coletiva duma
mesma pastilha já sem sabor.
A segunda fase (que alguns já sentem), segue-se ao despressurizar do
ego.
É o retorno à essência, e chamo-lhe consciência.
É o retorno à essência, e chamo-lhe consciência.
Ao respirarmos finalmente o oxigénio da nossa essência, inspiramos a vida
e nela confiamos, sabendo que tudo o que vivemos está certo para a nossa transformação e para aquilo que vimos na Terra aprender. Sentimos que nós, o outro, os animais e a natureza somos UM só e que o
AMOR que é a maior dádiva da vida é inesgotável.
Segunda fase duma inevitável terceira, onde todos viveremos vidas de verdade,
de partilha genuína, de individualidade sem individualismo, de liberdade sem
libertinagem, de desapego sem indiferença, de profunda sinergia comunitária,
onde apesar de não sermos perfeitos, certamente seremos 'aperfeiçoados' ao nos
deixarmos esculpir pelo poder de sermos AUTÊNTICOS.
Abençoada crise.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarMuitaaaaaaaa MESMO!! Um abraço
EliminarCristina, és a prova de como a crise aguça o "engenho" criativo, do sentir. Do melhor que já li de ti! Alinhadíssima!
ResponderEliminarBjs.
Muito obrigada meu querido! Bem Hajas. Abraço-te com Amor
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