Quer
queiramos ou não, quer aceitemos ou não, a vida é um constante processo de
transformação. Nascemos porque um dia já morremos e morremos porque um dia
escolhemos nascer. Durante o tempo que nos é concedido, as experiências
terrenas que passamos determinam com rigor o grau das nossas aprendizagens e as
marcas epidérmicas que as mesmas deixam ficar. Umas, leves, arranhões
superficiais que a erosão do tempo faz desaparecer sem sequer deixar cicatriz e
outras, profundas, capazes de tatuar a nossa alma e teimosamente se revelarem em
nós através do seu mais fiel espelho - o nosso olhar.
Esse
que após uma dura prova jamais será o mesmo.
A
vida continua o seu movimento, o sorriso surge no delicioso bom dia da meiga
vizinha da mercearia, os pássaros chilreiam alegres na gigante árvore da
praceta, o sol aquece-nos ternamente o corpo e o abraço inesperado da amiga
pela manhã relembra-nos que o apoio de quem amamos faz milagres.
Mantemos
o sorriso vivo, mas… algo em nós morreu.
O nosso
olhar não é mais o mesmo.
Contido
no seu brilho está o cansaço nem sempre brilhante do alquímico e desafiante caminho
que todos de uma ou de outra forma precisamos percorrer.
Olhamos
menos, observamos mais.
A
nossa retina parece filtrar a alegria convertendo-a agora num estado agridoce
que nos empurra para a aceitação daquilo que definitivamente não podemos
modificar.
Porém
como a vida é mágica, este olhar profundamente marcado pelas marcas do caminho,
trás consigo a grandeza da possibilidade que é olhar a vida com mais claridade,
mais verdade, outra leveza.
Aprendemos
com a força das nossas lágrimas a fragilidade das nossas crenças.
Aprendemos
o supérfluo e o essencial. O básico e o profundo.
O
medo e o Amor.
Esse
que, mesmo quando o nosso olhar não é o mesmo, se mantém.
Afinal,
tudo muda e tudo passa.
Excepto o verdadeiro AMOR.
Um beijo...
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