quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O POVO SEM NOME

Era uma vez um povo que aceitava sem resistências que na Vida só existe o momento presente.
Os seus rostos espelhavam a grandeza das suas Almas e a felicidade era a satisfação de puderem usufruir do ‘grandioso-presente’ que é saber ‘viver-no- presente’.
Eram portanto, felizes.
Neles o medo esfumava-se pela ausência de projecções no futuro, bem como o ressentimento era algo que não os conseguia incomodar.
Sabiam que o passado era um tempo que passou e que as memórias que dele ficaram foram somente experiências transformadoras e vitais para o seu crescimento.
Sabiam que na Vida nada volta atrás e que tudo nela é irrepetível.
Talvez por isso, vivessem muito intensamente cada dia, agradecendo as ‘pequenas-grandes-coisas’ que por estarem vivos podiam usufruir.
Sabiam valorizar um olhar profundo, um abraço sentido, um leve sorriso ou até uma borboleta a esvoaçar-lhes sobre o ombro.    
Sabiam que a Vida abençoa-nos sempre com um propósito divino que nos cabe a nós cumprir.
Não confundiam Alma com personalidade, nem Amor com carências.
Sabiam que em cada dia, árduas tarefas interiores os esperavam e múltiplos desafios também.  
Confiavam em Deus. Chamavam-lhe O Criador.
Aceitavam tranquilamente que havia outras formas de O conceber e viam nelas uma oportunidade de aprofundamento e estudo, sempre com o propósito de expandir o Amor e o divino que sabiam existir em cada SER.  
A fé deles era tanta, que se dizia, que numa povoação vizinha a 100 Kms. se  conseguia escutar o som da sua vibração, magicamente acompanhada pelo incrível contágio que a mesma parecia produzir.  
Todos queriam ali viver, mas grande parte desistia.
Afinal, como podemos viver sem preocupações, perguntavam frequentemente antes de partirem cabisbaixos e roídos de inveja.
Conta-se que nunca obtiveram qualquer resposta, pois no fundo as coisas simples e profundas da Vida não se perguntam, nem se respondem, apenas SÃO.
Conta-se ainda, que por estarem muito conscientes de Si mesmos, sabiam da responsabilidade das suas próprias escolhas. A sua ‘perfeita-imperfeição-humana’ era Bem-Vinda e engrandecida pela autenticidade, respeito e Verdade com que viviam.  
Curiosamente este povo não tinha nome.
Muitos foram os nomes que lhes quiseram atribuir, mas a verdade é que nunca nenhum aceitaram.
Sabiam que um nome podia ‘diferenciá-los’, ‘catalogá-los’, e que a Alma realmente não ‘precisa-dessas-coisas’.
Sabiam da impermanência da Vida e dos doces mistérios do Amor.
Não se sabe exactamente em que séculos poderão ter vivido na Terra.

Sabe-se apenas, que aos poucos estão a regressar. J

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