Todos
partiremos um dia, isentos de culpas, por mais que as queiramos manter, inimputáveis
a maldições, nus e realmente desprovidos de companhia.
Assombrados
por o que deixámos de viver por medo do que não conhecíamos, aceitamos agora
com coragem o desconhecido que inevitavelmente nos espera.
De nós,
na Terra, talvez fique apenas o estatuto ‘de-quem-partiu’.
Curioso
observar o reconhecimento das nossas qualidades, que nos resumem e sintetizam
em palavras vãs, como o comum - “era tão boa pessoa”.
Porque
terá a partida a particularidade de relembrar os que cá ficam, outrora cegos,
que algo em nós havia para ver?
Quem
sabe esta certeza de que também eles um dia partirão.
Esta indubitável
certeza, capaz de traçar um Destino-Comum, que preferimos
ignorar em Vida, sempre que arrogantemente nos posicionamos à frente ou atrás,
sempre que olhamos sem ver e vemos sem querer olhar.
Esta
indubitável certeza que parece anular todos os lugares para onde em vida fomos,
o quanto corremos, o quanto fugimos, o quanto amámos ou deixámos de amar.
Afinal,
durante a viagem todos tivemos oportunidades.
O que
cada um fez com elas traçou-lhe o destino na Terra.
Mas talvez
a grande oportunidade tenha sido mesmo passar por cá, sabendo que, dê a Vida as
voltas que der, existe um desígnio maior – este Destino-Comum, a que
todos um dia seremos convidados. Convite de improvável recusa, com visto e
passaporte na mão, para esse lugar desconhecido, que na simplicidade da
existência nos torna inevitávelmente iguais.
Que
importa se uns acreditam ser o fim e outros sentem ser apenas um novo começo?
Que
importa as coisas que conquistámos, se com o tempo amarelecem e também elas vão?
Afinal
nada fica, nem permanece.
Só o Amor.
Este sim, capaz de anular tudo.
Tudo, menos… este Destino
Comum.
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