Sei
de quem olhando o mar, nunca o viu.
Sei
de quem nunca pôde sentir a brisa quente de um dia frio de Inverno e o calor
fresco dum regenerador dia de Verão.
Sei
de quem nunca sentiu a força quente da areia, nem textura mágica da terra
húmida nos pés.
Sei
de quem estando preso alcançou a liberdade e de quem estando livre nunca se
libertou.
Sei
de quem nunca tocou o sabor profundo dos afectos nem o reconfortante conforto
dum abraço apertado.
Sei
de quem se escondeu de si mesmo na esperança de escapar à impermanência da Vida
e de quem se encontrou quando ousou deixar de se esconder.
Sei
de quem nunca cantou uma canção, nem se permitiu dançar uma dança.
Sei
de quem nunca riu, nem valorizou a inconfundível bênção dum sorriso verdadeiro.
Sei
de quem gastou as chances da Vida em busca de minas de ouro, não percebendo a
riqueza da sua ‘mina-interior’.
Sei
de quem nunca cresceu e despejou nos outros a responsabilidade da sua própria
incarnação.
Sei
de quem nunca perdoou, coleccionando mágoas e deixando de sentir a liberdade
que é não ter ressentimentos.
Sei
de quem nunca tocou a paz, enrolado na ilusão que a guerra sabe sempre mais.
Sei
de quem ‘rezou-infinitos-terços’, sem entender uma única palavra da mensagem de
Jesus ao mundo.
Sei
de quem consumido pelo medo, nunca amou.
Sei
também de quem pensando estar a amar se ‘perdeu-de-si-mesmo’ enrolado na
confusa ilusão de ‘perder-o-outro’.
Sei
de quem mente à Verdade na esperança de ela um dia acreditar.
Sei
de quem podendo sentir na epiderme a essência do Amor, nunca o fez.
Nunca
ousou aceitar a certeza da sua permanência, nem a sacralidade do que nele é
eterno.
Talvez
por isso percorra deambulando as ruas da sua existência, na triste mendicidade
que é ter na mão um saco repleto de alimentos e mesmo assim permanecer com fome
e ter dentro de si um mundo repleto de AMOR e mesmo assim não conseguir
AMAR.
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