O que será que é
preciso para que a pessoa com quem vivo tenha mais tempo para mim? - perguntava-me outro dia alguém que está a passar por um processo difícil na
sua relação.
Sem muito
pensar, respondi com um sorriso – é
preciso tempo. :-)
Fiquei no
entanto a reflectir sobre a minha resposta e sobre a forma como nós somos
peritos em confundir as coisas.
Na verdade para
que nos serve o tempo numa relação, se não abrirmos espaço para a mesma? Quantos de
nós já experienciaram um passeio a dois, onde o outro parece não estar ali,
trazendo-nos aquela terrível sensação de estarmos sozinhos apesar de aparentemente
acompanhados?
Na verdade,
isto nada tem a ver com tempo, mas sim com espaço.
Tal como uma planta, uma relação é um ser vivo. Precisa de tempo para
ir criando raízes mais fortes, precisa de tempo para passar pelas quatro estações
e delas sair ou não transformada, precisa de tempo para nos mostrar qual é o
seu propósito para nós, enfim, precisa de tempo para se revelar na sua sagrada intemporalidade.
No entanto, estas raízes que o tempo ajuda a tornar mais fortes, não
conseguirão crescer se não existir espaço no solo para que a sua expansão
seja feita.
Sem este espaço a planta irá rapidamente atrofiar e até acabar por morrer.
Que espaço temos para o outro
nas nossas vidas?
Muitas vezes relacionamo-nos com o outro a partir do que queremos dele
obter e não a partir do que estamos realmente dispostos a dar.
Parecemos abrir espaço, quando na realidade este espaço só existe porque
queremos ver as nossas necessidades satisfeitas, pois a partir daí temos
dificuldade em mantê-lo.
Estamos assim, a chamar espaço a uma mera ‘ocupação territorial’ feita
a partir do nosso umbigo e isso parece deixar-nos ‘saciados’, apesar de obviamente
mais cedo ou mais tarde se revelar ilusoriamente insuficiente. .
Abrir espaço significa antes de mais, estar presente.
Mas…estar presente não é “estar-lá”, mas sim “estar-dentro”.
Abrir espaço é interessar-se genuinamente pelo outro na sua
multiplicidade de características, boas e menos boas. Estar disposto a
escutá-lo em vez de somente o ouvir.
Estar disposto a dar, a SER ao seu lado.
Abrir espaço é respeitar o meu espaço e o do outro, sabendo no entanto
que existe um espaço comum, que pela sua sacralidade precisa de ser cuidado com
doçura, carinho, respeito, liberdade e investimento de ambas as partes. Investimento
este que não pode vir de um desejo desenfreado do ego, mas apenas de uma
genuína e pura vontade da Alma.
O tempo amadurece as relações.
Só o espaço as sabe nutrir.
Com Amor
Com Amor
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