Digo,
aparenta, pois para muitos de nós as aparências parecem iludir e os desafios
próprios do caminho, são ainda enfrentados como ‘pesados-problemas’ e claro
está, vividos como tal.
Na
verdade, há quem precise de dramas, de lamúrias, de pessimismo para que a sua
vida “mexa”. Há quem fique de rastos porque o carro avariou, porque se enganou a
programar a máquina de lavar e estragou a roupa, porque o filho não teve boas
notas ou mais dramático ainda, porque o seu clube favorito perdeu o jogo. Há
quem discuta por tudo e se enterre na almofada por nada.
Sentem-se grandes
e injustiçadas vítimas da sociedade, dos pais que tiveram, da profissão que
escolheram (apesar de dizerem o contrário), do casamento onde se amarraram, da
prestação da mansão que agora não podem pagar.
Não
aceitam a vida.
Tudo nela é mau, difícil, por isso…nada há para agradecer.
Esperneiam
constantemente.
Desconhecem
que o caminho não é linear e que só se faz caminhando. Por medo não caminham. Ausentam-se
assim das experiências, pois desconhecem que a resiliência – grande elixir do
equilíbrio humano – acontece apenas com a dureza das mesmas e com a alquimia nelas
contida. Tal como uma árvore, enquanto os seus troncos e os galhos, não forem suficientemente
fortes, qualquer vento fraco os pode quebrar.
Se
observarmos a natureza é fácil perceber que toda a sua força reside na simplicidade
e na ACEITAÇÃO de que tudo se movimenta ao seu ritmo, no seu tempo, gerando interacções
necessárias para que seja sempre cumprido o seu grande propósito alquímico.
As
flores não precisam compreender as abelhas que nelas pousam, nem as gaivotas o
vento que lhes empurra ou dificulta o voo. A Lua não precisa de entender o sol
para lhe suceder, nem o arco iris a chuva, para embelezar o céu.
Somos
natureza, por isso para ACEITAR não precisamos compreender.
Para
ACEITAR, precisamos apenas ACEITAR.
Ainda
assim, a simplicidade parece complicar-nos a mente.
Há
quem diga por isso, que o mais difícil na vida é mesmo aceitar.
Queremos
que seja feita a nossa vontade, mesmo quando essa vontade não passa de um
ilusório e fútil desejo.
Peritos
em confundir, tornamo-nos “os-tais” do inicio do texto.
Os
tais que vivem nos dramas, que não permitem que a vida os presenteie com
troncos fortes e resilientes galhos.
Quando
aprendemos a receber “aquilo-que-nos-acontece” com a mesma dignidade com que
recebemos “aquilo-que-queremos-que-nos-aconteça”, uma porta gigante se abre dentro
de nós.
Porta
de percepção real da vida, da sua nobreza e ciclicidade.
Geradora
de magia e confiança, ensina-nos a verticalidade, mostrando-nos sabiamente que aconteça
o que acontecer, na verdade…nada acontece.
Apenas Vida.
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