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Quem me dera saber responder-lhe com a
mesma objetividade com que me faz a pergunta, Maria.
Na verdade não tenho respostas, limito-me a
refletir em questões para mim essenciais, e sem dúvida esta é uma delas.
Realmente os tempos são profundo apelo à transformação,
para que cada um encontre o seu verdadeiro potencial e o saiba expressar sem
medos de não ser aceite. Ora, se a relação connosco está a ter de se ajustar
para uma maior proximidade à nossa verdade interna, logo a relação com o outro inevitavelmente
também será ajustada pela mesma “bitola”. Ora, sendo a relação a dois, um campo
fértil de aprendizagens mútuas, é preciso muitas vezes deixar estas aprendizagens
em repouso e passarmos por períodos onde a “ausência-do-dois”, nos leva inevitavelmente
a uma maior perceção do “um” que somos, e nos empurra para outra aprendizagem vital
– a do nosso comportamento quando não partilhamos a nossa vida com um
companheiro(a).
Diria, que esta é a oscilação natural da
Vida e do processo alquímico a que todos somos convidados ao incarnarmos neste
planeta.
No entanto, muitas vezes, não integramos as
todas as aprendizagens necessárias numa determinada situação, ou período especifico
de vida e por isso iremos repetir padrões até que elas sejam feitas e as
dinâmicas inerentes às mesmas resolvidas.
Até lá, de relação em relação vamos
aprendendo, até nessas alturas, em que, em casal, escolhemos permanecer de costas
voltadas para o outro, não percebendo muitas vezes que é a nós que estamos a
voltar as costas.
Outras vezes, tratamos a relação como tratamos
um quadro que penduramos na parede. No início, que bem que ele fica ali.
Condiz
com os móveis, com os cortinados, com a cor dos sofás.
Olhamo-lo vezes sem conta, reparando sempre
em pormenores diferentes. Admiramo-lo. Fazemos questão de o mostrar a quem nos
visita, realçando facilmente as suas características mais positivas.
Até que um dia de tão óbvio ali na parede,
mesmo olhando-o, deixámos de o ver.
Da mesma forma que uma poça de água na rua
nos passa despercebida, por termos acesso a água abundante, mas no entanto se estivéssemos
num árido deserto esta mesma poça seria uma dádiva divina capaz de nos matar a
sede.
Temos tendência a deixar de investir e de
valorizar o que nos parece um hábito, um “porto-seguro”, algo que está sempre
ali, mesmo quando a nossa Alma sabe que já não está. E, nesta ilusão, é tão fácil estar de
costas voltadas, olhando para o outro como um quadro de parede já sem
expressão, mentindo a cada acordar, nunca o olhando nos olhos, querendo
manter vivo o que já morreu, por medo de solidão, de mudança, de verdade.
E, desta vez Maria, sou eu quem coloco outra questão.
Que solidão maior pode existir, que aquela que se senta connosco no sofá, mesmo quando o outro a quem virámos as costas há muito, se senta lá também?
Que solidão maior pode existir, que aquela que se senta connosco no sofá, mesmo quando o outro a quem virámos as costas há muito, se senta lá também?
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