Curioso, nunca pensei que o simples fosse
tão difícil de explicar.
Talvez por ser simples, e também eu estar
formatada, para esta ‘atribulada-atribuição’ que é carimbar com enganosos
códigos, o que não precisa de ser rebuscado ou carimbado. Hoje desci da montanha, e estou numa aldeia
perto de Mount Abu. Aqui vive-se a riqueza da simplicidade.
Como me sinto pequena, perante tudo isto. Afinal
que sei eu da vida, quando esta ‘suposta-pobreza’, me surpreende com uma grandeza
de Alma e riqueza interior, que nem um milhão de letras, vindas desta minha
mente treinada em questionar, poderão retratar.
E, agora sei, que a todos os que me perguntarem
como é a India, talvez não saiba mesmo explicar. A simplicidade anula qualquer explicação.
Existem tantos mundos. Tantos mundos,
dentro deste mundo ‘esfericamente-quadrado’, onde todos viajamos juntos, apesar
da nossa miopia existencial nos iludir do contrário.
Que ideia esta, que na Terra existem lugares
cativos?
Estamos todos nos mesmo estádio, a assistir
ao mesmo jogo.
Talvez por isso me sinta em casa.
Reconheço-me nesta profunda simplicidade.
Caminhar por estas ruelas apertadas, faz-me
bem.
Gosto de pisar este chão sujo, inalar este cheiro
acarilado, dar-me a estes sorrisos ternos, a estes olhares enriquecidos pela simplicidade
da vida, aquela que ainda apavora a ‘pobreza’ dos homens ricos.
Que dicionário seria capaz de traduzir a
linguagem destes olhares?
É nas coisas simples da vida que tocamos a
essência do que, sendo simples é profundo. A Alma expressa-se através da simplicidade,
da pureza, do Amor e da gratidão. Não precisa traduções, lógicas ou
interpretações.
Aqui a vida é simples.
O Amor tem uma fragância
única.
Desprovida de ego, esta fragância fica impregnada
na pele, relembrando-nos que, e enquanto buscarmos riqueza onde ela nunca
existirá, seremos eternamente POBRES.
( Retiro na India, foto de Nuno Aguilar)
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