terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O TEMPO EXACTO

Não me canso de afirmar que se observássemos cuidadosamente a natureza saberíamos tudo sobre nós. Perceberíamos melhor os nossos ritmos, ciclos, intempéries e dias de sol e aceitaríamos sem resistências o inevitável processo de transformação a que a Vida a todos sujeita para que nos possamos cumprir.
Tal como um fruto numa árvore só cai quando está maduro, também nós temos um período de amadurecimento, que só acontece verdadeiramente quando aceitamos experienciar e integrar as experiências vividas.
Sem experiências integradas, seremos como aqueles frutos “calibrados” que apesar de terem uma aparência reluzente, não têm qualquer sabor, o que nos traz a triste sensação de termos sido “enganados” pelo seu “perfeito-exterior”, percebendo sem grande esforço, que o seu propósito natural foi pelo homem sabotado. 
Na verdade, no processo natural da Vida o fruto só cai da árvore quando está pronto para tal. Curiosamente não há vento que o arranque do ramo se não tiver ainda chegado o seu momento, bem como não há tempo que o amadureça se não for encontrada a combinação mágica entre este e as condições exteriores adequadas.
Apesar não refletirmos muito sobre isto, é assim também que a Vida nos convida a amadurecer. Precisamos de tempo é certo, mas de nada vale este tempo e não for acompanhado de experiências transformadoras, de sol, de chuva, de vento, de dias de assustadoras tempestades e de outros de enriquecedoras brisas.
Se observarmos igualmente a árvore que dá o fruto, perceberemos ainda que o solo onde escolheu enraizar-se tem relação direta com a qualidade dos frutos que dela nascem. Um solo fértil expande a potencialidade daquela árvore, permitindo-lhe gerar frutos mais doces e saudáveis.
Mais uma vez connosco acontece exatamente o mesmo.
O solo onde escolhemos permanecer determina se o nosso potencial é ampliado ou se pelo contrário é reduzido e claro está nos reduz também.
Em resumo, todos temos de passar por um período de amadurecimento até estarmos finalmente prontos para viver a essência da Vida, não confundindo o supérfluo com o essencial, nem o conhecimento que vamos adquirindo com a sabedoria que vamos conquistando.
Todo o adubo que nos puder fertilizar durante o processo é bem-vindo, mas nunca será suficiente até aceitarmos que só as experiências que por nós passam têm a dimensão de nos tornar “frutos-sãos”, maduros, mais conscientes da nossa textura, do nosso sabor e resistentes a qualquer estação do ano – por mais dura que seja!               

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