sexta-feira, 29 de abril de 2016

~ O NOSSO OLHAR NUNCA MAIS SERÁ O MESMO ~

Quer queiramos ou não, quer aceitemos ou não, a vida é um constante processo de transformação. Nascemos porque um dia já morremos e morremos porque um dia escolhemos nascer. Durante o tempo que nos é concedido, as experiências terrenas que passamos determinam com rigor o grau das nossas aprendizagens e as marcas epidérmicas que as mesmas deixam ficar. Umas, leves, arranhões superficiais que a erosão do tempo faz desaparecer sem sequer deixar cicatriz e outras, profundas, capazes de tatuar a nossa alma e teimosamente se revelarem em nós através do seu mais fiel espelho - o nosso olhar.

Esse que após uma dura prova jamais será o mesmo.

A vida continua o seu movimento, o sorriso surge no delicioso bom dia da meiga vizinha da mercearia, os pássaros chilreiam alegres na gigante árvore da praceta, o sol aquece-nos ternamente o corpo e o abraço inesperado da amiga pela manhã relembra-nos que o apoio de quem amamos faz milagres.
Mantemos o sorriso vivo, mas… algo em nós morreu.
O nosso olhar não é mais o mesmo.
Contido no seu brilho está o cansaço nem sempre brilhante do alquímico e desafiante caminho que todos de uma ou de outra forma precisamos percorrer.
Olhamos menos, observamos mais.
A nossa retina parece filtrar a alegria convertendo-a agora num estado agridoce que nos empurra para a aceitação daquilo que definitivamente não podemos modificar.   
Porém como a vida é mágica, este olhar profundamente marcado pelas marcas do caminho, trás consigo a grandeza da possibilidade que é olhar a vida com mais claridade, mais verdade, outra leveza.
Aprendemos com a força das nossas lágrimas a fragilidade das nossas crenças.
Aprendemos o supérfluo e o essencial. O básico e o profundo.
O medo e o Amor.
Esse que, mesmo quando o nosso olhar não é o mesmo, se mantém.
Afinal, tudo muda e tudo passa.
Excepto o verdadeiro AMOR.

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